SERÁ QUE? pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Fotografias dos noivos na praia da Sereia, junto ao bar Wikiki, e com alguns convidados na festa do casamento
A dúvida, talvez metódica
Pergunto-me muitas vezes porque razão, depois de já alguns anos a fotografar os casamentos, ainda me espanto, no sentido de descoberta, como que vou encontrando e isso me dê uma forte motivação para correr para o outro lado do espaço onde decorre o evento e, com os nervos na ponta dos dedos, que são os responsáveis últimos pelo momento de fotografar, ir a tempo do momento adivinhado e levá-lo comigo dentro da minha fiel máquina fotográfica.
É verdade que todos os anos antes de começar uma nova temporada e com o corpo e os tais dedos ainda preguiçados por um Inverno de pouco fazer, me pergunto se ainda irei ter aquele drive que nos faz correr sem pensar na direcção de algo que a experiência, e o instinto, nos afirma que vai acontecer…e acontece.
Saudades do recomeço
É claro que a dúvida leva muito pouco tempo a passar. Tal como aquele atleta que baixa o ritmo do treino só porque é tempo de algum descanso e decide participar numa prova e vai chegar a casa a precisar da ajuda do massagista, também ao fotógrafo de casamento isso acaba por acontecer dada a maratona a que está sujeito na primeira prova do ano.
Dói, mas sabe bem. Escrevi, aqui, a propósito do covid e da paragem a que me obrigou, a mim e aos meus colegas de todas as partes dos casamentos, que uma das coisas que mais saudades tinha era das dores nos tornozelos quando, já depois do arrefecimento no percurso para casa, a tarefa estava cumprida, o casamento já seguia um novo guião por parte dos personagens principais da história que fui registar e uma nova tarefa esperava o fotógrafo de casamento, com outras ferramentas.
É verdade que aquela dúvida é mais metódica do que duvidosa.
As dores da felicidade a fotografar
Talvez o desejo, por parte do fotógrafo de casamento, de uma fuga à repetição e ao outra vez o mesmo, que tantas vezes acontece naquilo que fazemos, comece, naqueles dias em que um nervoso miudinho começa descer pelos braços e a chegar aos tais dedos responsáveis por todas as fotografias, quando uma revisão a máquinas fotográficas e lentes se afigura obrigatória, não posso deixar de respirar fundo e colocar-me, novamente, aquela questão: será que ainda me vão doer os tornozelos, outra vez?
Mas, como que por uma espécie de magia, ou destino, as fotografias começam a acontecer, as que ele, o fotógrafo de casamento, vê, as que adivinha e, principalmente as que gosta mais, as que lhe gritam de longe olha nós aqui e mais uma vez, para grande felicidade sua, chega a casa com imensas dores nos tornozelos.
Coisa minha, sabe-se lá porquê.