
Uma das coisas com que parto, todos os dias de manhã, quando saio para mais um casamento é que vou ter que fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir o trabalho fotográfico que servirá de memória ao dia, até ali, mais importante da vida de duas pessoas. Acreditem que é uma responsabilidade muito grande.
Mais do que fazer fotografias que possam retratar esse evento tenho que ter a certeza que todos os meus passos e movimentos são dados no sentido de isso conseguir. Um movimento desregrado dentro da Igreja pode levar o padre de serviço a mandar acalmar e encostar à parede. Um barulho a mais por causa das máquinas fotográficas pode também, em cura mal disposto, levar a, pelo menos, restringir a procura de melhores ângulos. Nos caminhos de e para, um trânsito mal humorado pode atrasar a chegada a Igreja em local de primeira visita por ter feito caminho mais longo. Longe de mim ser a minha maior preocupação a tomada de fotografias. Essa é a parte natural.
Vem isto a propósito por causa de uma das fotografias que fazem parte do post de hoje. São do casamento da Rita e do Carlos e a foto em questão é aquela do casal com a imagem de S. Francisco Xavier. Sabendo da importância afectiva da família do Carlos por este Santo eu tinha, assim que chegaram à Igreja, visto mentalmente uma fotografia obrigatória: o casal em primeiro plano com a estátua do Santo ao fundo. O grande problema é que para ter esse ângulo de toma tinha, sempre que tentava, o noivo completamente tapado pela Rita. Teria que ser uma questão de tentativa até ao resultado final. Não seria problema nenhum se antes não tivesse sido ” ensinado” por senhor prior, conhecedor da técnica fotográfica, que não fazia falta tirar tantas fotografias e que aí do fundo é que é bom para as fazer. Ora para conseguir essa foto eu teria que me ter feito um pouco surdo e não ter percebido tal avisado ensinamento e, volta que não volta, muito sorrateiro lá fui voltando até que o Carlos dá meio passinho em frente e eu estou lá e….pimpa, o Carlos recua novamente como se ficasse, na realidade, com o seu amor jurado em frente ao altar. Mas eu fiz a fotografia.
Felizmente fiz outras, antes e depois na Quinta do Vale em Santo Antão do Tojal e deixei-lhes história para mostrarem um dia. Sei que gostaram muito dela e que por si só não valeria o meu trabalho mas, para mim, é símbolo de perseverança e de saber que, por vezes, há que pisar, um pouco, o risco para ter valido a pena a confiança em mim depositada como o fotógrafo de casamento do dia. E isso farei tudo para honrar.
Texto e Fotos: Fernando Colaço































































