Uma das minhas grandes discussões comigo e a minha fotografia tem a ver com a relação da cor e do preto e branco. Não é bem um conflito porque a minha tendência para o preto e branco é um muito tendenciosa mas é, também, a acalmia quando a cor me põe problemas de cor.
Eu explico. Quando estou a fotografar deparo com problemas que requerem solução imediata. Qual o melhor enquadramento, nesse enquadramento qual a melhor composição e qual o momento certo para fazer a fotografia. No enquadramento decido que parte da cena que se passa à minha frente vou enquadrar no quadro rectangular que é o visor da minha máquina.
Depois de muito rapidamente tomar essa decisão tenho que saber como é que vou compor essa cena, que lente devo usar, que ângulo lhe vai dar a intensidade dramática que contêm, alegria, emoção, satisfação e se a luz banha a cena do lado certo para a fotografia e, finalmente, qual o momento para finalizar naquele misterioso click que virá dar manifestar-se numa bela imagem, pelo menos assim se deseja.
O problema é que nem sempre nessa harmonia, que se deseja, as cores estão de acordo entre si para fazer uma imagem que faça despertar os sentidos de quem as vê. Ás vezes, a côr, ou melhor, as cores lutam entre si para serem as protagonistas e nada mais fazem do que nos agredir numa cacofonia telúrica que nos afasta os olhos apesar de todo o resto estar no lugar e bem. Aí o preto e branco, normalmente, repõe a equilíbrio e deixa falar o todo da imagem e não todas as pequenas partes.
Por isso saber decidir que fotografia deverá ser pintada com pedaços de arco-íris ou nos tons de cinza que fazem o preto e branco não poder ser de decisão aleatória mas de sabedoria da harmonia, como arranjador de canção sabedor das cores das notas musicais.
Dessa decisão, uma a uma foram acabadas as fotografias do casamento da Susana e do Edgar com cerimónia na Igreja de S. Pedro de Penaferrim e festa na Casa de S. José. Ao longo do dia fui decidindo os enquadramentos e as composições e na calma da secretária em frente ao computador, tal como a tal o arranjador das canções para disco de artista a sair em futuro próximo, fui verificando e decidindo se côr ou preto e branco melhor preservavam a harmonia de cada fotografia.
A Susana e o Edgar gostaram e perceberam que ser fotógrafo de casamento é algo mais complexo do que simplesmente fazer uma máquina fotográfica disparar e é essa harmonia que lhes desejo ao longo da vida.
Texto e Fotos: Fernando Colaço
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