O INTERVALO pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Era um daqueles dias que o Verão, em Portugal, nos costuma brindar. Era o dia mais quente do ano e para gente do norte da Europa, que vem à procura dele mas a ele pouco habituadas, a sombra é remédio e frustração ao mesmo tempo. O fotógrafo de casamento, nascido e crescido onde ele, o sol, gosta de ser inclemente, tem as células habituadas a esses estados de alma que, em dias que ele escolhe, nos põe só a desejar sombra fresca e deixar, languidamente, passar o tempo.
Foi assim que o fotógrafo de casamento, repito, habituado ao hoje apetece-me do sol, se foi entregando a transformar em fotografia a forma como os convidados, dos meus noivos do dia, se iam entretendo rodeados de líquidos frescos e aquilo que os Ingleses chamam de conversa pequena ( traduzido sem recurso a nenhum critério de rigor). As crianças, claro, conseguem sempre suportar melhor estas coisas das temperaturas e como têm aquela energia que as não deixa ficar quietas, acabam por me entregar, sempre, muitas ofertas que, com as minhas lentes, vou agradecendo e aproveitando.
Os adultos, sempre mais relaxados, porque o calor não dá para grandes movimentações aproveitam os lugares sentados para passar aquelas horas até que o fresco apareça e a vida recomece como está programada. Foi o casamento que me deu mais tempo de convívio entre a cerimónia e a refeição, que só se tornou possível com o sol já deitado porque, onde teve lugar, ficou mais parecido com uma panela pronta a cozinhar do que para usufruto do resultado do cozinhado. Não posso dizer que isso tenha incomodado o fotógrafo de casamentos que, como sempre, encontra assuntos para entreter as suas máquinas fotográficas e lentes que não se ralam nada com as temperaturas. Nunca lhes falta trabalho.







