NUNCA ME CANSO pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Se me perguntarem, como fotógrafo em casamentos, a coisa que mais bate nos meus olhos e apela às minhas máquinas fotográficas e lentes para chegar a uma fotografia, não tenho a mais pequena hesitação e respondo de imediato: os afectos.
São eles que são o principal motor de atracção, para apontar as lentes do fotógrafo de casamentos, e consolidá-los em fotografias, de preferência impressas em papel, onde é seu lugar natural. Por sorte minha, eles estão em todo o lado e em todo o tempo que dura um dia de um casamento.
Não preciso de estar preocupado, como a fazia antes de estar nos casamentos, porque não me vão faltar afectos para encher de fotografias as minhas máquinas.
Mesmo que todas as outras partes, que compõem esse dia tão importante a nubentes, fossem completamente vazias de afectos não era coisa que me preocupasse muito. Sei, que ali à frente, vou ter uma fartura e que não me irá faltar colheita para encher a minha sacola, perdão, cartão de memória.
Assim que a cerimónia é dada como terminada e todos os presentes se encaminham para a saída com arroz nas mãos e pétalas em cestos bonitos que foram escolhidos para aquele momento, eu corro para o tal ponto de vista, que já sei que vai dar certo, e é uma maravilha.
De repente, depois do banho de pétalas e arroz, eles, os afectos, começam a competir entre si e qualquer dos convidados, uns porque da família, outros porque outros laços os ligam aos ungidos, começam num rodopio para que os deles sejam os melhores, os mais intensos e os mais sinceros.
O fotógrafo de casamento deleita-se com tanta fartura e, mesmo que fosse só aqui, levaria consigo o tal saco bem cheio, para descarregar, depois, num computador ávido de transformar todos esses afectos nas fotografias que irão entregar, outra vez, ao casal que foi a razão deles. Eu, como não poderia deixar de ser, agradeço e estarei de volta no próximo.
Se calhar, no seu.