A noiva e mãe das duas meninas a brincar com elas antes de partir para a cerimónia, vistas pelo fotógrafo de casamento em Lisboa.

O fotógrafo como um artesão, nos casamentos

A ALMA pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO

A noiva e mãe das duas meninas a brincar com elas antes de partir para a cerimónia, vistas pelo fotógrafo de casamento em Lisboa.

O fotógrafo compara o seu fazer fotografia ao de um artesão.

Ilustrado com fotografias da noiva e as suas duas filhas, antes da partida para a cerimónia do casamento na Basílica de Mafra


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Não tem nada a ver com as fotos do casamento da Mónica e do Nuno, ou, então, tem. Como estava escrito para o antigo site, resolvi que tinha direito a estar aqui:

Lidar com o desconhecido

“Sempre tive dentro de mim, desde criança, o desejo de fazer coisas com as minhas mãos e nunca tive jeito para gesto repetido. Qualquer coisa que tenha que fazer mais do que três vezes seguidas, de certeza, que à quarta não acerto. Mas, por outro lado, sempre me senti bem lidando com o desconhecido, com o não saber o que vai sair a seguir.

Deixem-me falar de outro assunto que parece não ter nada com o parágrafo anterior, mas, no entanto, é o que gere a minha maneira de fazer as coisas que faço, e fazer é o que me atira para a vida.

Sempre me fascinaram as máquinas pela sua capacidade de precisão, repetição e fiabilidade. Mas o meu fascínio pelas máquinas , não o é pelas mesmas em si mas, antes, pela capacidade, inventividade e necessidade de resolver problemas do ser humano.

Máquinas que me fascinam

Desde os pêndulos de uma balança ou a complexidade de uma máquina de impressão de off set, que obriga a construir um autentico monstro com milhões de peças, para poder lidar com  precisão e delicadeza necessária para tirar, de um rolo com um carimbo, só a tinta necessária para imprimir um papel tão fino que, se visto de perfil não é mais espesso do que um cabelo e, ao mínimo desacerto de pressão, borrará a carimbada ou amarrotará o papel.

E, no entanto, funciona durante horas e para quantidades impressionantes de impressões. Cito só estes dois exemplos como poderia falar de um circuito integrado, da complexidade de um foguetão ou, ainda, das minhas queridas máquinas fotográficas. Tudo essas máquinas me fascinam não pelo que são em si mas porque foram produto da imaginação humana.

O Mestre

No entanto, todas essas máquinas nunca funcionam bem sem o toque, a sensibilidade, o senti-las de alguém. Numa empresa gráfica existem vários impressores. Pessoas que controlam essas poderosas máquinas para impressão. Sem elas a máquina é apenas um emaranhado de rolos, filtros, rodízios, calhas e outros componentes destinados a juntar papel e tinta.

O grande problema é que é exactamente na mistura dessa tinta, na proporção certa, que faz a boa impressão e o trabalho final. E aí, sem factor humano, a máquina é simplesmente uma coisa desalmada. Mas mesmo assim, existe sempre uma dessas pessoas que, por razões mágicas desconhecidas, a faz ser melhor máquina do que com outros. É o Mestre.

O Artesão

O, ou a, Mestre é alguém que sabe fazer bem feito. E, para fazer bem feito tem, para dado objecto, uma sensibilidade especial para compreender as suas ferramentas, da sua matéria prima e fazer, ao juntá-las, a peça perfeita. É, a meu ver, o Artesão.

Pelas experiências que já tive nunca vi, fosse numa olaria, numa linha de montagem de uma fábrica, numa oficina de reparação de automóveis ou de relógios ou no simples, mas complexo, acto de, num moinho de vento fazer farinha, que estas coisas aconteçam, bem feitas, sem o Mestre Artesão.

É este, o Artesão, que com o seu conhecer e o seu amor ao que faz e com o que faz transforma uma matéria prima, por vezes informe, numa obra que cativa quem vê, identifica quem usa e serve de exemplo a quem conhece. Independentemente da complexidade do seu conhecimento, sem a sua sensibilidade especial de Artesão a obra nunca atingiria um estatuto de transcendentalidade. Gostaria, muito, que enquanto fotógrafo de casamento pudesse, no meu desempenho, transmitir essa alma, a do artesão.”

Texto e foto;: Fernando Colaço

Duas imãs, filhas dos noivos, a brincar no chão depois de prontas para o casamento.
Menina, durante a preparação da noiva, sua mãe, com reflexo no espelho.
A filha mais nova do casal que se vai casar, segurada por duas mãos e reflectida num espelho.
A filha mais velha da noiva ajusta-lhe o colar, antes de partirem para a cerimónia do casamento.



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