UMA CERIMÓNIA DE CASAMENTO, CAPÍTULO 4, pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO EM LISBOA
Antes que a noiva chegue e obrigue o fotógrafo de casamento a mudar o seu ponto de vista, porque noiva é noiva e mais ninguém é mais importante do que ela num casamento, ela é o centro para o qual todos os olhares brilham assim que chega ao local onde será princesa e rainha. Não, nada contra os noivos, até tenho uma certa pena deles.
Se alguém interessado no estudo destas fenómenos casamenteiros e criar uma folha estatística para chegar a conclusões sobre quem é mais importante lá, no casamento, basta seguir as fotografias do fotógrafo de casamento, analisá-las e ver quem é que se interessa, a não ser os que dele mais gostam, pelo pobre do noivo quando atravessa a rua na direcção do altar onde a esperará, ou se ela, no seu esplendor, fazendo virar todas as caras, fazendo sonhar as que sonham vir a ser como ela, fazem sorrir por nostalgia as que como ela atravessaram a rua para o altar ou, vejam lá, as ainda pequeninas que acreditam piamente que ela é uma princesa.
Sem falar deles, os cheios de inveja do noivo que já está à sua espera com nervoso miudinho.
É por isso que o fotógrafo de casamento tem que fazer tudo e aperceber-se de todas as fotografias que o noivo e os que o cercam ainda lhe vão oferecer antes da magnífica chegar.
De certeza que ainda lhe falta algum detalhe, de certeza que o vaidoso e expectante noivo tem qualquer coisa para lhe oferecer em fotografia, se alguém verifica se está tudo pronto, se está por ali um urso deitadinho a dormir descansado, nem sempre os ursos de peluche estão nos casamentos, se o noivo não aproveita para mandar uma mensagem de telemóvel a um amigo, está quase, ela nunca mais chega e se o tecido triangular de cores primaveris, além de decorar a espaço, envia pelo vento ao éter o espírito de uma avó que teria gostado muito de ali estar.
E está.
A tudo isto o fotógrafo de casamento está atento e não se encosta à parede do castelo e esperar que ela, a princesa que por acaso é noiva, ou ao contrário, chegue para dar início ao que interessa, arrumar as máquinas e ir com uma sensação de trabalho feito. O problema é que este fotógrafo de casamento com uma propensão para a fantasia e algum exagero, detesta ter ou ficar com, a sensação.
Prefere ter a certeza. Para isso não se encosta á parede, não espera, isso é função do noivo, e encontra sempre mais um parágrafo em forma de fotografia para preencher uma das páginas da história que está a li para escrever e depois ser contada dali para frente a todos os que estiverem interessados em lê-la. Vê-la. É essa a sua obrigação, não precisando de ser obrigado, do fotógrafo de casamento.
Todas as vezes.