OUTRAS REALIDADES pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Algumas fotografias dos noivoa em sessão do dia do casamento, ao fim da tarde na Quinta da Cascata em Sintra
Coisas da memória
Às vezes, algumas fotografias que saem das máquinas do fotógrafo de casamento, fazem-me lembrar memórias antigas de imagens que nem sei sei bem se as vi alguma vez.
Talvez quem vivesse há uns bons cem anos atrás não perdesse na memória todas as coisas que nela ficaram mas, hoje, tantas são as coisas que lá entram e a tal velocidade que elas, as coisas, devem estar tão apertadinhas de modo a que umas mais matreiras, ou com mais habilidade, vão obrigando as outras a ficar escondidas e apenas a dar-nos uma ideia de que lá estão mas não sabermos muito bem onde e de onde.
Assim se pode passar com a minha, com as fotografias que lá estão, tal a quantidade que já entrou, contando com as que pertencem a arquivos de outros donos. Mas sei que lá estão porque, algumas vezes, dou por mim com uma fotografia que tenha feito num casamento que me lembra de uma outra que…não me lembro.
Sensações enigmáticas da fotografia
Parece bizarro mas quero querer que não. Ou é só isso, como se diz hoje, muito conteúdo para pouca memória ou algo de outras razões sobre as quais não falo porque não estou adequado de conhecimento. Mas que me dá que pensar, dá. A maioria das vezes não é a fotografia em si, ou seja, toda ela.
Ou é pelo ambiente que comporta, pela forma como foi aproveitado o enquadramento, pelos elementos da composição ou, ainda, pela gradação dos tons que, no caso das fotografias a preto e branco sempre foi o meu chamariz principal. Alguma coisa será e, talvez, um dia a explicação me caia aos pés como uma verdade tão óbvia que, normalmente, é sempre a última que nos cai no pensamento.
No entanto tenho a certeza de uma coisa, é por causa dessas sensações enigmáticas que se fundamenta o meu fascínio pelas fotografias de casamento que a fotografia possibilita e as oferece como um memória paralela, como aqueles universos que alguns cientistas estudam e dizem que podem existir, onde, tal como as fotografias, são de uma realidade paralela, mas, apenas, um pouco diferente uns dos outros.
Uma fotografia é uma realidade paralela
É como se estivéssemos em muitos lugares ao mesmo tempo mas a fazermos coisas ligeiramente diferentes em cada um dos lugares. Ou mais ou menos assim. Não sei ache fascinante ou bizarro mas, eles, os cientistas, parece que dizem que é possível.
Pelo que vejo, na minha experiência de fotógrafo de casamento, vou deixar para ver o que eles provam sobre isso mas, como digo e para mim, com as fotografias que naquele preciso momento retiro no que acontece nas pessoas que fotografo nos casamentos, não me parece fora do possível.
O que é uma fotografia se não uma realidade paralela que deixa ficar no tempo uma coisa, ou acontecimento, que o tempo já levou. Pode ser que não, mas…se calhar é por causa disso que me lembro…do que não me lembro.
Ou, então, coisas de um fotógrafo de casamento sem saber onde ocupar a imaginação em tempo de pousio, que é quando escreve, enquanto espera pela nova colheita de…fotografias de casamento.