O CRONISTA pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Fotografias na Quinta da Serra em Sintra, dos noivos na primeira dança e outras, na festa do casamento
O fotógrafo e o que se passou durante o dia
Cabe ao fotógrafo de casamento contar o que que se passou ao longo do longo dia que é o de um casamento.
Começa bem cedinho na casa de um dos membros do já quase casal e vai acabar pela noite dentro depois de danças, ramos de flores pelo ar para ditar quem será a próxima solteira entre as que saltam mais alto, o prova que não é só uma questão de sorte, mas que todas as que estão na corrida desejam que este, o bouquet da noiva já a não precisar dele porque já não o é, lhes caia nas mãos e celebre isso com toda a alegria.
Quando chego a esse momento e a minha participação no evento está concluída tenho um misto de alívio pelo fim da minha corrida, acreditem, para um fotógrafo de casamento é uma maratona muito prolongada para a qual precisa de muito treino, e de alguma dúvida por saber se deixar para trás algumas fotografias que, ou não dei por elas ou me escaparam sem que as conseguisse apanhar a tempo, poderiam completar melhor a crónica da qual fui encarregado de escrever com elas, as fotografias no casamento.
O contador de estórias
Mas, como se diz, o que está feito, feito está e o tempo, como num fado antigo, não volta para trás. Mas, devo dizer-vos que aquela mistura de satisfação pelo fim da labuta e a do dever cumprido é algo que saboreio no fim de todos os dias de casamentos a que tenho a sorte de me calharem como cronista, gosto da palavra, e do que ela comporta.
Ter o poder de levar comigo dentro das minhas máquinas fotográficas as ansiedades pela antecipação, as ajudas dos que ajudam, as corridas daqui para ali e dali para além, os entreolhares quando já ali estão no momento esperado de uma cerimónia de casamento tal como o desejaram, os festejos de quando já está e todos querem abraçar e beijar por felicidade e desejos dela, quando, pelo quente do vinho o tímido se torna no orador da noite ou o tamanho de uma vida longa não impede que se ganhe o prémio do, ou da, dançarino da festa é coisa que em vez de um trabalho que se tem é, antes, um privilégio que se quer merecer.
Por isso, ser o contador destas estórias é algo a que cheguei um dia e a que nunca mais fui capaz de largar. Não será pelo prazer de andar de casamento em casamento porque a tantos e ao fim de tanto tempo também cansa, embora, segundo oiço quando por lá ando, há alguns profissionais da coisa. Não é mais uma oportunidade para mais um.
O maior prazer é o do fotógrafo, pelas fotografias
Mas estar lá como fotógrafo do casamento é um coisa completamente diferente. Ele, eu, não está lá por causa da vaidade de poder levar um fato novo com sapatos a brilhar, não será pelo prazer dos prazeres da gula pelas iguarias esperadas ou por ter pés que acham que são mestres de dança e todas as outras coisas que se podem fazer num casamento.
Ele, eu, está lá por causa desses prazeres dos outros que sabe lhe entregarão nas fotografias do casamento que, essas sim, são o seu maior prazer que o maior dos prazeres de qualquer um dos outros lá presentes. Talvez, exagero assumidamente meu como me é costume, nem os noivos me superem. É assim que se assume o cronista como fotógrafo de casamento.
Não duvidem.
