ILUSÃO pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Uma das coisas que me dá muita satisfação ver nos casamentos, fora de fotógrafo de casamento, é a alegria genuína que encontro nos rostos dos que lá estão a ocupar o lugar que lhes cabe em certos momentos específicos, que parece que foram feitos de propósito para deleitar lentes ligada a máquinas fotográficas com gosto por aquilo para que foram feitas.
Já aqui o escrevi algumas vezes que o fotógrafo de casamento acha, convictamente, que os casamentos foram inventados para ele, com aqueles momentos propositadamente desenhados e afinados para terem as fotografias certas com que ele se diverte a apanhá-las. Se assim não tivesse sido, para que é um noivo e uma noiva no seu dia especial precisariam de um. Para nada, porque não haveriam lá fotografias de casamentos. Poderia haver outras, mas de casamento não.
Bem, é um argumento dele a que não me atrevo contestar porque assim, ele ainda se entrega com mais afinco a fazer a seu trabalho. Um pouco de ilusão não faz mal a ninguém desde que tenha um bom propósito.
Mas, se pensar um bocadinho, talvez ele, o fotógrafo de casamento, tenha alguma razão. Mesmo sem uma máquina de fotografias na mão, alguém que tenha alguma paciência para a observação durante a saída de todos do local da cerimónia e com noivos já casados, portanto já o não são, e ver toda aquela alegria genuína nos rostos de todos que os querem beijar abraçá-los, dar-lhes os parabéns, desejar-lhes todos as coisas boas que o universo tenha para eles e sentir, por que se vê, que estão a sinceros, que é uma alegria daquelas que se quer dar.
Percebo que o fotógrafo de casamento veja ali coisas muito importantes e que ele não pode deixar nenhuma perdida sem ser já fotografia, não podendo jamais vir a ser vista por alguém e, como sei que ele o faz, também, com grande verdade, entendo perfeitamente o que ele diz.
É por isso que não posso sequer pensar em tentar dizer-lhe que não, que um casamento é um evento onde duas pessoas decidem, através de um ritual próprio que existe há muitos séculos e é por isso que está muito afinado, mostrar a todos os que os amam que a partir dali vão estar juntos de uma forma mais forte para tudo o que seja que a partir dali venha a acontecer.
Que como é um acontecimento que foi decidido e feito em total escolha em liberdade, que o fundamenta o amor e é por isso que as pessoas que lá estão, a quem chamam de convidados do casamento, se emocionam, querem festejar com todas as coisas que lá vão estar para isso e que até o bolo que é distribuído em pedacinhos por todos lá o fim do dia é um agradecimento dos noivos para que os seus convidados levem com eles, também, a sua felicidade.
Não foi uma encenação feita para o fotógrafo de casamento. El apenas se aproveita disso porque sabe que, também ali, as fotografias acontecem. Bem, ele sabe, mas prefere da maneira dele. Dá mais gozo, diz ele.