ELES É QUE SABEM pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO

Os cuidadores. O fotógrafo de casamento encontra sempre, quando os noivos estão naquela fase em que se transformam neles, alguém que se encarrega de garantir que está tudo a ficar como deve e nenhum detalhe ficou por fazer. Não estou a falar daqueles servos e servas encarregados de servir príncipe e princesa em dia de o serem. Quem lhes dá forma aos cabelos para que façam conjunto com o vestido escolhido com tanto esmero, quem lhes trouxe, em arranjo digno de peça de joalharia, um bouquet de flores que será companhia àquela que será por todo o dia a principal, a razão porque tudo acontece, porque tudo está a ser feito e precisa de ser perfeito. Também não falo de quem está por direito, o do direito e o dos afectos e que, aqui e ali, facilitam as coisas a quem está, mesmo que afirmem a pés juntos que não não estou, eu sei que sim, em estado de ansiedade e se não houver a tal ajuda alguma coisa há-de escapar à perfeição que se quer.
São eles que sabem se tudo está a ser feito como é preciso. Por vezes parecem aqueles capatazes nas obras públicas que nos parecem que fazem absolutamente nada, apenas ali estão e, quando a obra terminada, nos perguntamos qual foi o seu papel na concretização da mesma. Se o fotógrafo de casamento não fosse já imbuído da experiência necessária à sua função ali, provavelmente, ninguém se apercebia deles e ficavam para sempre esquecidos, pela presença e pela função que detiveram em todo o processo. Eles são atentos, não deixam escapar detalhe e quase sem darmos por isso estão quase em cima do que está a ser feito interferindo, pela presença, com o trabalho da serva, ou do servo, na função em curso. Embora sejam pouco dados à palavra e à indicação porque assim é que deveria ser, não arredam pé enquanto não for dado tudo como pronto e, de vez em quando, o fotógrafo de casamento lá detecta aquele olhar de reprovação, vejam lá se deixam isso bem feito.
Aprendi a dar por eles logo desde o meu princípio como fotógrafo de casamentos. A princípio ainda questionava o porquê da sua presença, daquele ar do tal capataz das obras da câmara e, ao mesmo tempo, da sua não intervenção prática no processo. Por vezes é só um deles, ou delas, mas há alturas e casamentos onde são em grupo. Aí são mais ruidosos, parece que nem sempre concordam mas não se atrevem a dar alguma ordem aos servos encarregados de cuidar dos príncipes, embora troquem de olhares de desaprovação até que, no fim, acabam por verificar que era assim que estava a ser bem feito e não se coíbem de felicitar executantes e está tão linda, perfeita. Claro. Parece-me que os tais servos e servas já se habituaram, dizem-me que também eles se apercebem e que estão em todos os casamentos, mas não fazem mal a ninguém. Só querem mostrar que adoram os noivos e querem que eles saiam dali sem mácula. Numa perfeição.
Para o fotógrafo de casamento, é muito bom. Usa-os para fazerem de moldura, completar uma composição ou para ilustrar a importância de dado momento. Ficam, também, bem na paginação do livro do casamento quando se quer mudar de assunto e passar a outro capítulo. Desde que os vi pela primeira vez, apercebi-me logo do potencial para o todo da história do dia e nunca mais deixei de lhes dar a importância pelo jeito que me fazem e, o mais importante, para mostrar ao casal de casantes, já depois de o serem, que só fazem aquilo porque os amam. Isso, deixa-os muito felizes.





