AS PRECIOSAS pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO

Quantas fotografias conseguem contar a história de um dia de casamento? Do ponto de vista do fotógrafo de casamento, poucas. As fundamentais, aquelas que encontramos e que cada uma delas vale por muitas, poucas. As que, dentro de si, contam mais histórias que todas as outras juntas, poucas. As que conseguem estar tão carregadas de emoções e tornam qualquer uma das outras irrelevante, poucas. As que serão vistas uma e outra vez, sempre que seja preciso ver ou mostrar que foi e que foi assim, poucas. As que terão o poder de resistir ao tempo, que teima em desvanecer todas as outras, poucas. As que serão as escolhidas para, orgulhosamente, contarem o que se passou estendidas nas páginas de um livro que se quer eterno, como a felicidade ali celebrada, poucas.
E essas são preciosas. O fotógrafo de casamento sabe que irão andar por ali, meio escondidas umas, escorregadias outras, descaradas algumas, solenes aquelas, intimas, ali, mas com decoro. Ele sabe que são as mais difíceis de encontrar, que o movimento desenfreado das outras o podem desconcentrar na sua detecção e respectiva reacção para as apanhar, apesar de saber que pode contar com as suas fiéis câmaras e muito eficazes lentes. O seu dever é para com todas, mas isso não o pode impedir de saber onde encontrar essas preciosidades que, podendo trazer ao de cima a inveja das outras, serão, em absoluto, as que importam. É claro que cada uma das outras fotografias que se vão oferecendo ao fotógrafo, algumas de forma muito descarada, e vão achar que elas é serão as tais. Ninguém, e muito menos fotografias, gosta ser ser preterido nas escolhas que, me dizem logo, são muito subjectivas.
Para que o fotógrafo de casamento não seja responsável por uma grande confusão, com fotografias a gritar que elas é são, que eu é que não percebo nada do assunto, que não entendem porque aquela deslavada foi escolhida, sendo ela cheia de meios tons a chamar o preto e branco que tu gostas tanto, que eu é que tenho tudo dentro de mim e só te interessou aquela com apenas um detalhe e tantas outras razões de quem se acha com ela, que estabeleci duas regras. A primeira, nunca divulgo, escolha-as quando elas não dão por isso, não sei se as fotografias dormem mas consigo dar a volta e a segunda, digo-lhes que, sem elas, as escolhidas não valem de nada porque, sozinhas, não contam a história toda. No fundo, elas é que são as mais importantes e as tais escolhidas servem apenas para marcar os capítulos. A coisa tem funcionado e nunca mais tive reclamações. Mas, não deixa de ser verdade. Se com algumas se pode marcar a profundidade do que foi importante a dado momento, com as outras, o fotógrafo de casamento mostra o que nos levou lá e, no fundo, é assim que se pode contar uma história. Ou toda ou por resumo.



