E AGORA, VAMOS pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Pode parecer natural que os fotógrafos de casamentos, depois de tantos casamentos fotografados, se sintam, já, insensíveis aos aconteceres nos actos por que um casamento é dividido, como se uma peça de teatro fosse, e não desse pelas transformações operadas na noiva e em todos os que a rodeia, ajudam e guiam para terem a certeza que, quando está pronta para ir para a cerimónia, o esteja mesmo.
Mas eu encontro sempre razões que me prendem lá e enquanto não está tudo pronto não paro de encontrar momentos que me continuam a dar aquelas fotografias com muitas emoções lá dentro.
É, também, a noção de um caminho que se caminha cada vez com mais tensão emocional que me dá muita apelação.
Este processo, que começa com alguém que percebe das coisas dos cabelos, com a sabedoria de outrem na caracterização de uma cara, trazendo ao de cimo todo o seu esplendor e segue com o vestir de um vestido, há algum tempo criteriosamente escolhido, até que, assim que tudo arrumadinho, a noiva se encaminha, antecipada pelo fotógrafo de casamento, para o automóvel que a levará até à tão esperada cerimónia, com um sim tão desejado.
Assim, naqueles últimos momentos, o fotógrafo de casamento sente que são especiais. São especiais para a noiva, porque está mais próxima do vórtice para que tudo aponta, o tal momento do sim na cerimónia do casamento, e são-no, também, para o fotógrafo de casamento que, por saber que serão irrepetíveis, sente uma responsabilidade acrescida sobre acontecimentos a que não pode falhar, transformando-os em fotografias.
Mas, essa responsabilidade de modo nenhum o prende e impede de ser tão observador e reactivo, como noutras alturas que possam perdoar uma perda ou outra de fotografia que fique por fazer. Nada disso, parece que essa pressão funciona como catalisador e o leva, com bastante firmeza, a não perder uma.
Tem sido assim.