PASSA LOGO pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Ir para um trabalho, enquanto fotógrafo de casamento, do qual o cliente espera o melhor de nós e não sabermos minimamente o que de lá vai vai sair pode ser assustador.
Para o cliente, se em mim não confiar e, para mim, se ele, ou ela, ou eles, não me derem a cada momento aquilo que deles espero. Já trabalhei, em outras calendas, em fotografias que antes se o serem já o eram. Estavam explicadinhas num papel e na vontade de quem as queria.
Era mais fácil, por um lado, porque não tinha que lidar com o desconhecido mas, por outro, podia ser uma chatice por causa do meu lado pouco dado a coisas certinhas. Sempre gostei muito do meu trabalho, a trabalhar em coisas para tirar fotografias, mas parecia-me sempre que havia uma qualquer falta que me faltava e que fazia com que não me sentisse totalmente imerso no processo. Quase metade da minha vida enquanto fotógrafo profissional se passou com esta dúvida. Eu gosto, muito, mas…
Vim a descobri-lo, assim, de repente e sem que estivesse à procura de alguma resposta. Foi no dia do primeiro casamento que fotografei e sobre o qual já tenho trazido para aqui algumas memórias. Então era isto.
O que tu gostas é de não saber o que vais fazer a seguir a esta. Não fazeres a mínima ideia do que te irão fornecer, aqueles e aquelas que te chamaram para aqui estares, para a próxima fotografia que irá estar por aqui a qualquer momento e tu tens que adivinhar qual. Ainda por cima não fazes a mais pequena ideia de que lado é que virá. É isso que te dá o tal frisson que não encontravas.
Está bem, aproveita que é coisa que não te irá faltar aqui. Agora vê lá se fazes isso sem incomodares ninguém nem alterares o rumo das coisas porque, se o não fizeres, estragas tudo e não te serve de nada esse gozo.
É tudo uma questão de energia e saber o que fazer com ela. O que nos mete medo pode gerar em nós o encontrar de solução para o evitar ou ultrapassar. Devo confessar que descobri que esse lado assustador apenas se encontrava, e encontra sempre, na antecipação.
Exactamente antes de entrar naquele espaço onde coisas e pessoas se transformam e, também elas, sofrem por antecipação ao grande momento para o que se estão a transformar.
Assim que o fotógrafo de casamento entra nesse espaço, quase sagrado e muito pessoal, nem tem tempo para pensar nele, no susto, e, de imediato, começam a vir ter com ele tantas fotografias a serem que, antes que consiga dar por isso, já a câmara lhe tapa a cara, fica invisível para quem lá está e começa tudo o que para isso lá foi.
Sem o mínimo temor, sem a mínima tensão entra no redemoinho de afazeres com a mesma mestria que mestre em ondas de rebentação sobre prancha escorregadia em dia de prémio.
Também ele, o fotógrafo de casamento os leva consigo, e irão ser muitos, ao longo do resto do dia que só agora começou, assim que o susto se foi.