SÃO AQUELES pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO

Aqueles sorrisos. Tenho por hábito, naquele momento preciso em que estou fotógrafo de casamento, desejar para o éter que aqueles sorrisos tenham sempre razão para existir e nunca se desvaneçam durante as suas vidas, por muitas razões que possam vir a encontrar para que isso não aconteça. É, de facto, um privilégio poder assistir a esses sorrisos, daqueles que gosto, os que fazem ruguinhas no canto dos olhos e atestam a sua autenticidade. Só tenho pena de os não poder ver desde que começam a esticar lábios que pouco mais à frente beijarão outros, depois de ordem do padre a dar andamento aos acontecimentos, e os olhos iniciarem um delicioso processo de fechamento criando aquelas rugas que, fora desta circunstancia, se querem longe e tardias. Por obrigação de funções, todo o processo terá que ficar para quem o queira estudar em profundidade mas, por testemunho e estudo do fotógrafo de casamento, sorriso que valha a pena e mereça confiança, tem que ser rugoso.
Aqueles gestos. O fotógrafo de casamentos já aqui escreveu sobre os vários tipos de gestos que vai encontrando nos dias dos casamentos. Não vou voltar a repetir os outros e vou ater-me aos que hoje me chamaram atenção. São obrigatórios, fazem parte da ritualização necessária para selar o sim, que foi jurado momentos antes, e irão implementar símbolos de ligação que os irão identificar onde quer que estejam e com quem quer estejam. Esses símbolos são de tal maneira importantes que precisam de mensageiros especiais para os transportarem e entregarem a quem os irá abençoar e, por sua vez, os entregará benditos para bons augúrios e dar a certeza da ligação que se quiz, a partir daquele momento.
Aqueles momentos. Na maior parte do tempo em que está cronista do dia do casamento, o fotógrafo tem a liberdade de deambular por dentro dele à procura dos seus humores, das combinações que lhe vai oferecendo, para transformar em fotografias, e poucas são as vezes que a sua liberdade de escolha por onde anda a observar lhe é limitada. Mas, este momento das alianças com sim já dito e jurado é obrigatório e não pode, de modo algum, ficar com branca de apresentador em programa de televisão que, de repente, se esqueceu do tema que iria abordar. Simplesmente, aqui, não há desculpas, embora esteja sujeito a imponderáveis que, também, aqui já foram descritos com a verdade e o exagero habitual do escriba sobre as coisas do fotógrafo de casamento. Apesar destes momentos serem de um discorrer que o fotógrafo de casamento não domina, ele sabe que se os não levar consigo, nunca se perceberá o porquê de todas as fotografias que tirou até ali e todas as outras, depois. Tal como para o casal é o momento fundamental, para o fotógrafo é o elo para que toda a história faça sentido.




