REFLEXOS pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO EM LISBOA

Como os espelhos podem ser grande fonte de fotografias, durante a preparação de uma noiva
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Metamorfosear a luz
Talvez, como fotografo de casamentos, veja no reflexo de uma imagem num espelho o meu fascínio pelo parece que é, sem deixar de ser. Detestaria que uma fotografia, que faça, seja uma espécie de universo paralelo exactamente igual ao que representa.
Nunca gostaria de ter uma máquina fotográfica que me fizesse fotografias que fossem completamente iguais ao mundo, que os meus olhos absorvem. Se isso acontecesse, de certeza, nunca seria fotógrafo e, muito menos, de casamento. Para ter uma réplica do mundo igual ao que vejo nos meus olhos, bastar-me-ia olhar.
Felizmente a máquina fotográfica tem muitas limitações comparativamente aos meus olhos. Felizmente, também, as lentes, que tenho que usar, têm a capacidade de metamorfosear a luz que lá está, no objecto a fotografar, e transformá-la numa outra coisa, que gostamos muito, que se chama fotografia.
Uma realidade alterada, pelos espelhos, e fotografias
No fundo, uma fotografia, como as que faço nos casamentos, além de serem uma realidade que foi, também são, ao mesmo tempo, uma realidade alterada sem, contudo, fugirem à verdade que estão encarregadas de contar.
É esse o desafio de ser fotógrafo de casamento que me atrai e me faz estar sempre com vontade de voltar para outro. Os espelhos atraem-me exactamente por isso. Apresentam-me já em si uma realidade alterada. Por um lado, têm um campo de visão limitado não se adaptando, apenas estão. Por outro é uma imagem invertida, o lado esquerdo será, ali, o direito.
O seu tamanho e o lugar onde estão são o que me permitem que veja e o meu ponto de vista, o que neles vejo. Saber que estou a preparar uma fotografia que já é uma cópia da realidade tem sobre mim um fascínio estranho. Talvez por isso, tem sido sempre em espelhos que tenho feito feito as fotografias que mais gosto. Não digo as melhores, talvez sejam, mas as que mais atraem o meu gosto e o meu olhar.
É evidente que me aproveito deles, mesmo que, muitas vezes, a sua imobilidade me irrite e não façam nada para me ajudar, dado o amor que sinto por eles.


