OUTRA VEZ ELES pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Gosto muito de rituais. Mesmo aqueles no quais não acredito nos conteúdos. Acho dos rituais uma necessidade humana de criar ligações com actos, coisas, momentos, datas e pessoas.
O casamento é um grande ritual, com sub rituais que criam momentos para fotógrafo de casamento que são, para ele, como nectar para abelha, em dia farto de primavera. O do corte do bolo é um deles.
Deverá ser o culminar de um dia intenso cheio de outros rituais, sobre os quais já escrevi muito e muito mais virá. É o grande agradecimento do casal a todos os que com eles viveram toda esta intensidade, este reforço de laços, entre os dois e todos os que ali estiveram sabendo que partirão com coração cheio simbolizado, outra coisa dos rituais, numa fatia de bolo que não tem nada a ver com farinha, açúcar, ovos e outras misturas mas sim com afectos, laços e muito amor.
Fui aprendendo isso com o tempo, assim que o já fotógrafo de casamento foi trazendo um, outro e depois outro. Devo dizer, e não como desculpa, que nem sempre o bolo a ser distribuído, como se cada fatia fosse um grande beijo de gosto de ti e um abraço de conta comigo, é colocado em sítio para fazer o fotógrafo de casamento brilhar.
Por muito que tente ser pedagógico, por onde vou passando, só consigo chegar à conclusão que a pessoa que menos conta lá é o fotógrafo do casamento, como deve ser. Por isso, faz o que podes e a mais não será obrigado.
Pronto está dito, se alguém das Quintas ler isto já sabe que, normalmente, altares de cortes de bolo de casamento no escuro e fotógrafos do mesmo, nem sempre casam bem um com o outro.
No entanto isso não tem importância nenhuma. O fotógrafo de casamento terá que fazer o que interessa, retirar pedacinhos da acção do corte, distribuição de fatias e estar atento para aqueles afectos que se juntam quando está muito bom, não está?
De facto, o que é importante é que cada fatia do bolo, neste ritual, se parecerá com as outras onde o que se degusta tem um valor mais forte do que o simples acto de se levar à boca uma mistura misturada algures noutro lugar.
O fotógrafo de casamento sabe que não interessa nada o sabor, se de chocolate ou baunilha, se tem mais ou menos natas, se tem cobertura ou não, se é liso ou vários andares, se tem flores e outras decorações ou não. Ele sabe, porque o comprovam as fotografias que tirou, que o que se prova são esses afectos que os ligam a todos uns aos outros, são confirmações do tais laços e, acima de tudo, um muito obrigado pela generosidade de connosco terem estado.
É isso que o fotógrafo de casamento irá contar que o bolo tem. Isso ele sabe, porque a receita que o fez feito, pertence a outro profissional do casamento que a não dirá a ninguém.