QUANDO ELA CHEGA pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Fotos da chegada da noiva à Quinta do Castro, no Cadaval, para a cerimónia do casamento
Todos à espera
O fotógrafo de casamento é um dos personagens que integram um dia de casamento. O único que está do lado dele. Sim o dia do casamento tem dois lados. O dos noivos com os convidados e o do fotógrafo que tem que estar atendo ao lado deles e, constantemente ir colectando as fotografias que eles, em grande quantidade lhe vão entregando.
Depois o lado deles tem muitas partes. Não cabe hoje falar sobre as outras, mas há uma delas que me dá especial atenção, e um certo frenesim, pela intensidade que tem e a rapidez com que passa. É como se uma espécie de energia se fosse acumulando, ganhando pressão e, de repente explodisse num uníssono: ela aí está. Ela, a noiva, claro.
Da parte dela, da noiva, depois de uma manhã, de que o fotógrafo de casamento foi testemunha e guardou testemunho, também se nota uma tensão, mesmo que disfarçada, porque o momento, o tal momento para o que esteve em preparações todo o tempo até aí chegar.
O noivo que espera
Da forma como o fotografo de casamento o vê, ao casamento, este tem um ponto, chamemos-lhe um vórtice, para o qual tudo converge e, depois dele, tudo diverge. Como é óbvio, esse momento é aquele onde se diz, pelos personagens principais do dia, sim, eu aceito, seguido pela troca das alianças que efectivam, simbolicamente, uma aliança que o amor, antes delas, já tinha resolvido.
Assim todos os que, também por amor, decidiram aceitar testemunhar esse tal momento guardam uma certa tensão pelo tempo da espera e até ao desenrolar final da acção.
Assim que o fotógrafo de casamento chega junto deles e repara que não há um único dos convidados que dirija a sua atenção ao noivo que, coitado, está, sozinho, lá ao fundo, junto do altar cerimonial, à espera como se fosse a pessoa que menos importa ali que bem podia, à última da hora, ir embora que ninguém da iria dar pela sua falta, porque ela chegou.
Ela, a noiva, que chega
E quando ela, a noiva, chega, tudo acontece a uma velocidade estonteante para pôr à prova todas as capacidades do fotógrafo de casamento.
Se não reparem: dar nota das condições e disposição no espaço dos seus convidados com os olhos postos nela, a noiva. Num piscar de olhos ir lá abaixo e trazer noivo dentro de uma fotografia para se ver como é que ele estava no momento em que…ela chegou. Voltar, como um tal super herói da banda desenhada, de imediato para vê-la, fotografá-la, a sair do carro pela mão do pai e por quem se ofereça, porque noiva em vestido de noiva precisa sempre de ajuda.
Depois, às arrecuas segue o momento da noiva que por mais que o fotógrafo de casamento lhe diga, mentalmente, devagar, mais devagar não vale a pena porque a sua única intenção é chegar junto de quem nós sabemos. Assim que o tal que está no tal lugar à espera dela se começa a aproximar, novo salto de atleta é preciso para que o fotógrafo de casamento ganhe um novo ponto de vista com eles já lado a lado, mas ainda não felizes para sempre. Isso será daqui a pouco.
Uma epopeia digna de heróis gregos. Se Homero alguma vez tivesse visto um fotógrafo de casamento em acção, nunca teria escolhido aqueles guerreiros desinteressantes para heróis da sua Ilíada e Odisseia.
Que começe a cerimónia do casamento
Por isso não se espere que, depois desta chegada apoteótica que serve para que todos respirem de alívio porque ela chegou, o trabalho está feito, é sentar ali ao lado e esperar para que outra parte do dia do casamento comece. Era bom, era. Quer dizer, não era. O fotógrafo de casamento não teria paciência nenhuma para ficar ali parado, sem nada para fazer.
Mas, felizmente há muito convidado a limpar uma lágrima feliz ao canto do olho, dois que comentam estás ver eu não te dizia que ia dar nisto? Os pais de um e do outro lado do casal que fazem um esforço, dignidade obriga, para não terem que pedir ajuda ao lenço de bolso e aqueles amigos incrédulos que juravam que uma coisa destas nunca lhes iria acontecer, aos noivos. Mas está acontecer e o fotógrafo de casamento ali está, atento, para que se saiba, para sempre, que aconteceu. É esse o seu dever.
NOTA: Os texto de hoje ficou um pouco maior do que devia. É que o escritor esticou-se, extasiado com o trabalho do fotógrafo de casamento e quando deu por isso…já estava.
No próximo volta ao normal, prometo.
- Na Quinta do Castro no Cadaval