AS TRÊS FERRAMENTAS pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO

Fotos dos noivos em sessão de fotografia no dia do casamento, da primeira dança e outras
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As mudanças
Comecei a fotografar casamentos numa altura em que começou a haver uma grande mudança na forma de o fazer. Depois da minha primeira, e inesperada, experiência que decidiu o caminho, tive outras a fotografar para um amigo que estava há muitos anos fotógrafo de casamento.
No que ele pretendia já se notava alguns sinais dessa mudança mas, no geral, ainda era a fotografia formal onde o fotógrafo é que dizia o que queria e parava, de vez em quando, o processo para que pudesse fazer os registos que considerava importantes.
Assim, eu partia para a missão já com a “encomenda” pré estabelecida e, de certo modo, teria que satisfazer esse roteiro. Como tenho o meu lado pouco dado a rotinas, uma vez ou outra lá o ouvia então não fizeste isto, esqueceste-te daquilo e agora como é vou fazer o album como eu quero. Mas como era muito boa pessoa, sabia que, por outro lado, tinha muitas outras fotografias que lhe davam um história bem completa.
Fotografar sem dirigir
Assim que comecei a ter os meus clientes, a minha forma de ver, fotografar, o dia do casamento tomou conta. Pouco ou nada de directivas, a não ser para um momento de retrato quando já tudo estava pronto para ir para a parte importante, e dizia sempre aos meus clientes que cada um fizesse o seu trabalho sem nos preocuparmos uns com os outros.
Quem ia casar que fizesse tudo como se fotógrafo não existisse e o fotógrafo que apanhasse o que lhe parecia importante tendo em conta uma história que precisava de ser contada, dali para frente. Sabia que, enquanto o fotógrafo no casamento, teria que desenvolver duas capacidades, ainda muito verdes, e que seriam fundamentais para trazer essa história cada vez mais rica.
Era uma certeza que levou a que grande parte das fotografias que colectava eram uma espécie de aprendizagem misturada com experiencialismo. Trazia quantidades enormes de fotografias que me davam un trabalhão a seleccionar e me enchiam os cartões das máquinas fotográficas até ao gargalo.
De certa maneira estava a repetir o mesmo processo de quando comecei, bastantes anos antes, no meu percurso de fotógrafo que, em vez de noivas e noivos, tinha garrafas, embalagens de detergentes, e tantas outras coisas inanimadas que me davam água pela barba, para as levar lindas e como o cliente pedia.
Do caos para a harmonia
No entanto, num casamento, o que se pedia era uma coisa completamente diferente.
Em vez do rigor da composição, antes de ser fotografia, tinha um caos que precisava de ser harmonizado, em vez da calma na construção do cenário, tinha uma velocidade de movimentos que antes de os conseguir apanhar já tinham ido para outro lado, em vez da verificação que estava tudo como o layout do cliente tinha uma quantidade de gente em contínuo deambular sem roteiro nem desenho prévio.
Assim, fui aprendendo as duas, talvez três, ferramentas mais importantes e que hoje uso sem dar por isso: observação, velocidade de reacção e previsão. Basta que uma delas seja descurada e, ao fim do dia, todo o trabalho que o fotógrafo de casamento teve valerá de muito pouco.




