Permitam-me que repita algumas imagens do post anterior e vos fale um pouco de uma parte da cobertura de um dia de casamento que transposto para fotografia poderemos chamar de retrato. Em conversa com um amigo e colega à algum tempo lembro-me de lhe dizer que tinha chegado à conclusão que a minha cobertura fotográfica de um casamento apesar de, por método e aproximação, a podermos enquadrar no que se pode apelidar de fotojornalismo de casamento acabo por me sentir sempre a fazer retrato seja individual ou colectivo.
Um termo muito usado em fotografia de casamento para mostrar a captação de algo que no tempo tem aquela duração tão limitada e que a incapacidade de repetição a torna especial para quem, depois, a vê: o momento. Tanto é usado por quem o faz, capta, como por quem o viveu e por quem, de fora, o presencia em resultado final em fotografia.
Ora este momento é completamente exterior ao fotógrafo que por técnica, treino de visualização e rapidez de execução consegue através da transformação que o seu equipamento produz na leitura desse, gosto do termo em Inglês, glimpse que vai transformar-se ou numa simples apreensão de um momento ou numa fotografia quando além dessa apreensão finaliza com os elementos essenciais para que se transforme em fotografia: enquadramento circunstancial, composição, textura que lhe permita reforçar a intensidade dramática e, finalmente, direcção ao olhar do espectador depois de, sempre, impressa em papel.
Considero a impressão em papel essencial para um bom julgamento de uma fotografia. No monitor de um computador, a não ser perfeitamente calibrado para o efeito e uso quase exclusivo do profissional, conforme o seu nível qualitativo, valor de densidade do mesmo, ou seja, mais claro ou mais escuro, novo ou já usado, sistema operativo ou sensibilidade do utilizador para visionamento, uma fotografia pode em vários aparelhos ter uma leitura completamente diferente e em nenhum deles dar a noção do resultado real que aquela fotografia tem e, com isso, perder-se todo o lado dramático e emocional que possa transportar.
Quando na minha capacidade de fotojornalista de casamento, por método, luto constantemente com a mudança e evolução no tempo e no espaço de tudo o que se passa à minha volta, seja a noiva ainda em casa a ser vestida por quem a ajuda, à cerimónia com os seus momentos simbólicos ou no caótico e incontrolável espaço de dança só considero fotografia aquela que além do momento congelado no sensor da minha máquina fotográfica comporta os elementos que acima descrevi e, acontecido, penso ter atingido o estatuto de retrato no largo entendimento que o conceito poderá ter.
Texto e Fotos: Fernando Colaço