Decidi, e sempre que os meus queridos casais a fotografar o confirmem, fazer um projecto fotográfico baseado nas sessões de namoro que tem como base o mesmo espaço a servir de cenário. O princípio é simples: verificar até que ponto posso esgotar um local como sítio de toma de fotografias com o casal antes do dia do seu casamento e chegado ao fim do processo analisar que alterações produziu na minha forma de fotografar na tentativa da não repetição.
Poderá parecer repetitivo mas está longe disso. É exactamente para ver como os elementos que estão sempre a mudar dentro do local, a saber o Jardim do Casino do Estoril e a Praia do Tamariz e seus limites, podem servir de alterações suficientes para justificar uma repetição elevada de sessões e delas trazer sempre algo de único de modo a agradar aos fotografados.
Por outro lado quero verificar como é que de casal para casal vou retirando diferentes combinações e interligações com o espaço de modo a aumentar, ainda, o limite de possibilidades. O espaço é muito bonito com árvores de tronco marcado pelo tempo e desenhadoras de lindas texturas quando desfocadas pelas minhas lentes, recriando atmosferas que são sempre diferentes em função da luz desse dia e da época do ano.
Do lado da praia as mudanças ainda são maiores. A fotografar sempre já com réstias de sol até que a luz do mesmo se tenha esvaído, com o mar, como criança criativa e rebelde, a alterar sempre o areal e nuvens, a comportar-se como janelas de estúdio de fotógrafo, a dosear luz e qualidade dela sobre Cascais.
Foi neste princípio e cenário que a Andreia e o Luís se entregaram a câmaras com o nervoso da falta de hábito e o gosto da antecipação de saberem que a próxima vez que perante elas se encontrem já será em dia de mudança de estado, que implicará mudança de bilhete de identidade, e a caminho para vida nova que se quer longa e cheia.
Texto e Fotos: Fernando Colaço