PERCEBES AGORA? pelo FOTÓGRAFO DE CASAMENTO
Há algum tempo um amigo perguntou-me por que razão eu gostava tanto de fotografar casamentos, além da necessidade de ganhar a vida, claro. Para resposta, pensei em tudo o que me incita a pegar nas minhas câmaras e lentes achar o que lá, nos casamentos, tenho para me dar tanto empenho e, reconheço, bastante alegria. Respondi, tudo. Ficou resumido a uma palavra que o não deixou satisfeito com a resposta.
Mas, diz lá, tu vais como fotógrafo de casamento…a casamentos. O que é que casamentos têm assim de tanto interesse para fazer fotografias? Como não sou muito dado a explicações complexas e estava a ver se o tudo o deixava satisfeito, o que não aconteceu. Diz-me ele, de novo. Um casamento é um casamento, tu dizes que passas o dia inteiro a fotografar sem parar e que ainda deixas muitas fotografias que não conseguiste ver, outras que não foste a tempo para apanhar e, ainda, aquelas que estão sempre a desafiar-te e a fugir porque acontecem sempre quando está a dar atenção a outras.
Pois, parece que só fotógrafo de casamento é que percebe e dá por isso. Penso que mesmo os que estão no casamento, ou melhor, os que são o casamento, porque um casamento não é uma coisa, uma ideia ou um espaço. Um casamento são as pessoas que lá estão.
São os noivos, são os familiares deles, são os convidados, são os padres e os oficiantes oficiais do estado, são os que arranjaram as mesas e decoraram com flores, são os que vão divertir toda aquela gente com música e outras coisas, são os que antes transformaram duas pessoas de modo a poderem ir para a tal cerimónia a entrarem noivos e saírem maridos e esposas, são as luzes que iluminam o que o fotógrafo de casamento precisa fotografar, são as plantas e as árvores dos jardins onde lhe servem de molduras nos retratos que vai fazer, as flores que estão em todo o lado, etc, etc, etc.
Agora, meu caro, pensa. Imagina-te com duas máquinas fotográficas nas mãos, um saco cheio de lentes ao ombro no meio de todas aqueles pessoas que fazem o que pessoas fazem num sítio daqueles, o casamento, e nos vários sítios por onde passa e começas a olhar com olhos de fotógrafo, que é coisa que tu sabes o que é, e começas a descobrir todos aqueles assuntos, todas aquelas composições que se fazem e desfazem a uma velocidade estonteante, todos aqueles rostos que ora se emocionam decorados com lágrimas que teimam em assistir, também, ao que se passa, ora se riem desalmadamente pela alegria que dá a felicidade dos que ali estão para isso, ser felizes, ou, ainda, lá pela noite fora, cansados de tanta iguaria e pé de dança se encostam no sítio certo para, imagina, uma fotografia que se está ali a oferecer para o fotógrafo de casamento.
Não me digas que ainda não percebes, agora, porque razão gosto tanto de voltar aos casamentos. Nem me respondeu. Encolheu os ombros, digo eu, com uma pontinha de inveja.